quinta-feira, 23 de junho de 2011

Grandes medos e pequenas coragens

"Resta, acima de tudo essa capacidade de ternura... Essa intimidade perfeita com o silêncio... Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado de pequenos absurdos, essa capacidade de rir à toa. Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza de que tudo já foi como será no vir-a-ser. Resata essa faculdade incoercível de sonhar, de transfigurar a realidade, dessa incapacidade de aceitá-la tal como é, (...) e essa pequenina luz indecifrável a que as vezes os poetas dão o nome de esperança. Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto, esse eterno levantar-se depois de cada queda, essa busca de equilíbrio no fio da navalha, essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo infantil de ter pequenas coragens..."
(Vinícius de Moraes)


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