sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Reprovação de salva-vidas

Ontem, assistindo o Balanço Geral na Record, fiquei meio indignada com uma certa reportagem, onde falava da reprovação de salva-vidas na praia de Tramandaí, aqui no Rio Grande do Sul, por conta de tatuagens.
É fato que os tatuados geram polêmica. É fato que muitas pessoas não gostam, reprovam, se sentem desconfortáveis. Mas dae a deixar de ser salvo porque o "cara" tem tatuagem, tenha santa paciência neh...
Dos 107 candidatos inscritos, 13 foram proibidos pela Brigada Militar de exercer a função por terem alguma tatuagem a mostra. Isso fez com que o numero de salva-vidas no litoral do Rio Grande do Sul ficasse abaixo da média. Haviam 600 vagas e apenas 107 inscritos.
De acordo com a Brigada Militar, a proibição é uma norma da corporação e que caso elas fiquem escondidas não há problemas.
É uma pena que em pleno século 21 as pessoas ainda tenha tanto preconceito. Hoje em dia tatuagem não é mais coisa só de viciado, delinquente, marginal e ex-presidiários.
Lendo á respeito em um site, vi um comentário me que deixou de fato chocada. A pessoa que escrevia dizia que "este é o grande problema da nossa sociedade: tentar achar sempre uma forma de burlar as exigências legais preestabelecidas na forma de estabelecer o famoso jeitinho brasileiro que tantos dissabores nos têm causado. Se a flexibilização prosperar, em breve estaremos aceitando nas fileiras da corporação barbudos, cabeludos, viciados, bêbados etc."
A esta pessoa (ou a estas pessoas) eu só tenho uma pergunta: As pessoas sem tatuagens tem melhor caráter e melhor índole do que os tatuados?
Eu acredito que não, que tatuagem não muda carater de ninguém.
Até porque senhor cidadão, não são raros os casos que acontecem de policiais corruptos, que agem bem fora da lei, que batem na esposa em casa, que estão envolvido com tráfico de drogas, que são os mandantes de assaltos, sequestros, entre tantas outras coisas.
Vemos muitos engravatadinhos sem nenhuma tatuagem agindo desonestamente, passando a perna em quem puderem, estuprando, matando, enquanto um tatuado rala trabalhando honestamente pra sustentar a familia que ama acima de qualquer coisa na vida.
Convenhamos, não é a tatuagem que vai definir se a pessoa tem um bom caráter ou não.
Concordo plenanemte com o senhor qundo diz que não se pode aceitar viciados e bêbados. Barbudos e cabeludos tem jeito não é mesmo?
Apesar de, nós todos, se não agirmos com hipocrisia, sabermos que bêbados e viciados existem em todas as profissões, até mesmo nas corporações da Brigada Militar, só que ninguém tá aí pra se denunciar. E se podemos cortar o mal pela raíz porque não fazê-lo não é mesmo?
Flexibilidade é uma coisa, aceitar tudo é outra.
E os próprios frequentadores das praias, salvando uma meia duzia, disseram que não se importariam de ser "salvos" por uma pessoa tatuada.
Então por favor pessoas, parem com esse preconceito de achar que todo tatuado é um viciado, uma pessoa ruim, um mau caráter.
Desabafo de uma tatuada...trabalhadora, sem vícios e honesta.


EDITORIAL ZERO HORA, 19/01/2011

Compreende-se que a Brigada Militar tenha as suas normas disciplinares e que os concursos públicos para o ingresso na corporação obedeçam a critérios rigorosos de seleção. O que é difícil de entender é a falta de bom senso num episódio como esse dos candidatos a salva-vidas, que foram eliminados sumariamente por terem o corpo tatuado. Pelo que se sabe, o desenho na pele não impede ninguém de nadar, nem diminui a condição física e a competência de seu portador. É preocupante pensar que candidatos capacitados a prestar bons serviços à população possam estar sendo afastados por uma questão puramente estética.
Evidentemente, cada caso merece uma análise particular. Se o cidadão teve o péssimo gosto de gravar no corpo uma mensagem ofensiva, com potencial para comprometer a imagem da organização que eventualmente o emprega, a restrição pode ser procedente. Mas a generalização é injusta, principalmente nos tempos atuais, em que expressar sentimentos e afetos na pele virou moda. Trata-se de um preconceito associar tatuagens e piercings a comportamentos irresponsáveis. Embora tais adornos sejam mais comuns em jovens e adolescentes, atualmente também podem ser encontrados na pele de cidadãos acima de qualquer suspeita, empresários, chefes de família, artistas e atletas. Não é incomum, por exemplo, que pais e mães gravem no corpo os nomes dos seus filhos, numa forma simbólica de expressar o amor eterno.
Diante desta realidade, conjugada com a necessidade de ampliação e qualificação do quadro de salva-vidas no período de veraneio, é de se esperar que o comando da Brigada Militar revise seu critério de seleção. Para os cidadãos, que sustentam os serviços públicos com seus impostos, o importante é contar com proteção adequada – venha ela de indivíduos assépticos e alinhados ou de soldados com aparência de marinheiros do século 19.



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